O principal objetivo do programa Líder em Mim (LEM) é impactar positivamente a vida dos estudantes, professores e colaboradores. Por meio de habilidades sociais e emocionais, as pessoas são incentivadas a mudar seus comportamentos, suas atitudes, seus modos de pensar e até de sentir.
A iniciativa é uma construção diária de autoestima, autoconhecimento, liderança, relacionamentos saudáveis, e, claro, saúde mental. O LEM incentiva que as crianças e os jovens sejam protagonistas da própria vida e, ao mesmo tempo, bons cidadãos.
Por isso, o corpo docente realiza diferentes dinâmicas e atividades com a sala. As aulas voltadas ao estudo do material do programa acontecem em um dia específico da semana, mas todos os outros são voltados a colocar esses conceitos em prática.
Uma das estratégias é o rodízio de responsabilidades. Basicamente, cada estudante assume um papel de liderança na turma, por um tempo determinado por eles próprios.
Há os líderes mais convencionais, como o das tarefas, que fica responsável por recolher as atividades, e os encarregados em manter o bem-estar dos demais. Um exemplo é o líder do cumprimento. Quem está à frente dessa função espera, todos os dias, os colegas na porta e os cumprimenta, antes de entrarem na sala – com criatividade e gentileza. Mas, para alguns, isso pode ser um desafio.
Com respeito e empatia, programa Líder em Mim muda a vida de aluno autista grau 1
Esse era o caso de Ângelo, um aluno com autismo grau 1 que estava no terceiro ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais (EFAI). “Ele não conseguia lidar com o contato físico. Geralmente, não falava olhando nos olhos das pessoas ou admitia que alguém segurasse sua mão ou o abraçasse”, lembra Ednalda Farias Umada, assessora pedagógica do programa Líder em Mim.
Portanto, o pequeno recusava o cumprimento diário dos colegas e se esquivava deles. A professora teve de trabalhar diferentes conceitos com a classe, como respeito ao próximo e empatia, para conter o sentimento de tristeza dos alunos que não conseguiam se aproximar de Ângelo.
Com o tempo, eles entenderam o lado do colega. “Essa liderança foi se tornando muito gostosa, recebendo várias mutações. Até idiomas diferentes foram usados: em um dia, o cumprimento era em português, no outro, em inglês, japonês, francês, italiano, espanhol. Assim, as crianças também foram aprendendo diferentes culturas”, conta Ednalda.
A responsabilidade rapidamente se tornou um momento de diversão e lazer. A descontração foi tanta que, certo dia, algo que ninguém esperava aconteceu: Ângelo parou diante da professora e disse, olhando para baixo, que queria ser o líder do cumprimento.
Animada, ela prontamente acatou ao pedido e preparou toda a turma para o momento. Os alunos foram instruídos a respeitar os limites impostos por ele no momento da saudação. No dia seguinte, Ângelo parou na porta e cumpriu sua missão. Ele estendeu a mão para cada um dos colegas dizendo, ainda sem olhar nos olhos, “bom dia”.
“Foi um momento de muita emoção para a professora, bem como para todos da escola, incluindo os alunos. Todos sabiam o quanto era desafiador para ele”, afirma Ednalda.Dali em diante, Ângelo mostrou diversos progressos em relação ao convívio com os amigos, tanto em relação ao contato visual, quanto ao físico.
O ambiente saudável criado com a ajuda do programa faz com que os alunos tenham – e sejam – bons exemplos a serem seguidos. O aprendizado socioemocional abre caminho para essas novas descobertas e para relacionamentos saudáveis.
Ângelo foi capaz de enxergar nos colegas um lugar seguro, de respeito e carinho. “Temos certeza de que a inspiração é um grande amigo do aprendizado, e nos utilizamos muito disso”, diz a assessora.
Vale ressaltar que o LEM atende mais de 540 escolas e 195 mil alunos, no Brasil. Em um parâmetro global, está presente em mais de 57 países e em 7 mil escolas. Desse número, 93% das instituições estão satisfeitas com a proposta do LEM.