A educação socioemocional é um processo de aprendizagem que tem como objetivo acrescentar à base curricular do estudante o desenvolvimento de habilidades que vão além do fator cognitivo: preparam a criança para a vida.
É uma forma de fazer com que o aluno adquira habilidades sociais e emocionais, como autorregulação, empatia, comunicação, foco, atingimento de metas, cultivo de confiança, relacionamentos saudáveis. Assim, a escola assume o papel de preparar a criança e o adolescente, integralmente, para os desafios que virão. Pensando nisso, veja estratégias e métodos de desenvolver a cultura socioemocional no contexto escolar.
Qual a importância da educação socioemocional?
O termo surgiu em 1994, nos Estados Unidos, com a criação do CASEL (Colaboração para Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional, em português). O ensino socioemocional passou a ser visto como parte integral da educação e essencial ao desenvolvimento humano.
Seu principal objetivo, segundo a organização, é que os jovens desenvolvam identidades saudáveis, consigam “administrar emoções e alcançar metas pessoais e coletivas, sentir e demonstrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relações solidárias e tomar decisões responsáveis e cuidadosas.”
Em resumo, essa abordagem colabora com o desenvolvimento de crianças e jovens capazes de gerenciar as próprias emoções e de construir e inspirar relacionamentos saudáveis (na escola e fora dela). Essas competências são a base para a criação de uma autonomia e resiliência emocional. Assim, o estudante consegue agir de forma mais responsável e respeitosa, no dia a dia ou em situações de estresse.
“Resiliência emocional é a capacidade de lidar de uma maneira positiva diante de uma situação difícil ou de um problema. É saber conduzir a situação com calma, mantendo a razão, o trato pessoal e seguir em frente. Isso não significa ser duro ou frio, ao contrário, significa agir de forma racional e equilibrada”, explica Ednalda Farias Umada, assessora pedagógica do programa Líder em Mim.
É um aprendizado de dentro para fora: gera autoconhecimento, autocontrole, autoconfiança, autodisciplina, automotivação, entre outras habilidades. Essas qualificações dão condições para a formação de cidadãos e indivíduos melhores.
Mas os ganhos não se restringem ao preparo para a vida mundo afora, também são percebidos no rendimento escolar. “O ‘Pare-Pense’, por exemplo, é uma ferramenta que trabalha reflexão e comportamento, a mudança de paradigmas, estimula a capacidade de autorregulação e de escolha. O aluno que se apropria desta ferramenta, para, pensa no estímulo e se questiona: como eu posso agir diante dessa situação? Quais as minhas melhores respostas ou ações? E então, o estudante pode escolher a resposta que dará ao problema”, diz o assessor pedagógico do Líder em Mim, Leo Gonçalves.
A cultura socioemocional e a BNCC
É por essa razão que a educação socioemocional está prevista na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), elaborada pelo MEC (Ministério da Educação). O documento reúne orientações gerais para a educação básica das escolas brasileiras.
Essas orientações não contemplam disciplinas acadêmicas, como Português e Matemática, mas sim competências e habilidades para a formação de crianças e jovens mais conscientes, responsáveis, independentes e capazes de criar relacionamentos mais significativos, produtivos e duradouros. Incentiva qualificações como o pensamento crítico, a empatia e a cidadania.
Essas competências podem ser compreendidas como “mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
É importante ressaltar que esse trabalho se faz ainda mais necessário em um contexto de pós-pandemia. Segundo uma pesquisa do Datafolha, publicada em julho do ano passado, 34% dos estudantes estão com dificuldade de controlar suas emoções desde o retorno às aulas presenciais, de acordo com a percepção dos pais.
A cultura socioemocional pode evitar casos de violência na escola e diminuir a ansiedade desses alunos, além de promover a socialização, algo comprometido pelo distanciamento social na pandemia.
Afinal, quais as melhores estratégias de implementação?
1. Programa de formação socioemocional
Uma forma muito eficaz de implementar uma educação socioemocional é escolher um programa voltado ao ensino de habilidades sociais e emocionais, que priorize a formação de valores e atitudes. Um exemplo é o Líder em Mim, que atende mais de 5 mil escolas em mais de 80 países.
A iniciativa estrutura o currículo socioemocional na escola, alinhado às competências gerais da BNCC. O processo de aprendizagem compreende quatro pilares:
- Formação de professores com foco em autoconhecimento, competências socioemocionais e práticas didáticas;
- Instrução direta (materiais, programas e aulas) sobre competências socioemocionais;
- Gestão escolar integrada e engajamento da comunidade escolar;
- Integração curricular de competências socioemocionais.
Dentro desses quatro pontos, há o exercício de hábitos essenciais ao desenvolvimento humano, organizado por Stephen Covey, no best-seller “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”. São eles:
- Seja proativo;
- Comece com o objetivo em mente;
- Faça primeiro o mais importante;
- Pense ganha-ganha;
- Procure primeiro compreender, depois ser compreendido;
- Crie sinergia;
- Afine o instrumento.
O resultado, entre os pais, é muito bom: 89% afirmam que o programa prepara o filho para ser um cidadão melhor, segundo uma pesquisa do próprio programa.
“Quando pensamos na jornada de autoconhecimento que o programa Líder em Mim proporciona, nos vem à mente o que precisamos trabalhar em nós, de dentro para fora. O programa Líder em Mim traz conceitos chaves, princípios, práticas e paradigmas eficazes que auxiliam o estudante a desenvolver-se, como comentamos, de dentro para fora”, orienta Ednalda.
Para contribuir com um exemplo, o Hábito 1 aborda uma mudança de mentalidade. A partir de uma visão comum: “a vida é assim mesmo e não há muito que eu possa fazer para mudá-la”, o estudante passa para a seguinte mentalidade (paradigma eficaz) “sou livre para escolher e, em última análise, o responsável pela minha felicidade”.
“Quando exercitadas, essas práticas podem trazer ferramentas de serenidade que geram um bem-estar mental, que leva o estudante a encarar seus desafios de maneira diferente, trazendo benefícios e resultados mensuráveis”, afirma a assessora pedagógica.
2. Formação de professores
Implementar um programa de formação socioemocional significa criar um espaço favorável à experimentação. Para além dos conceitos, é essencial que a escola tenha uma cultura que valorize e permita a prática dessas habilidades.
Sendo assim, toda a comunidade escolar tem de estar inserida no processo: professores e colaboradores precisam passar por um desenvolvimento socioemocional, para lidarem melhor com os estudantes e seus familiares.
“Muitos materiais que são vendidos, hoje, no mercado trazem os mais diversos conceitos sobre desenvolvimento socioemocional. Mas para que se tenha uma cultura que valorize e permita a prática, é preciso que toda a comunidade escolar esteja inserida e sendo desenvolvida no processo”, afirma Fabiana Pereira de Santana, assessora pedagógica do Líder em Mim.
Apegar-se apenas à teoria da educação socioemocional não traz resultados efetivos, é necessário criar, de fato, um ambiente saudável para que ela se torne frutífera.
3. Currículo escolar
Por fim, é fundamental inserir a formação socioemocional no currículo escolar. Ela não pode ser tratada como uma parte do processo de ensino, deve ser integrada a ele. Isso significa que conceitos como autoconhecimento, autorregularão, empatia, cultivo de confiança e resiliência devem ser ensinados a partir dos mais diversificados tipos de atividade, científicas, esportivas e artísticas, por exemplo, podendo variar de aplicação de seminários a trabalhos em grupo.
A estratégia institucional sempre será diferente, e as habilidades devem fazer parte das disciplinas a partir de um plano escolar previamente organizado. O Programa Líder em Mim estrutura o currículo socioemocional na escola. É uma referência curricular segura e relevante que organiza o trabalho e gera boas práticas com foco em competências socioemocionais.