Como a escola pode contribuir para desenvolver a empatia e a comunicação dos alunos?

Práticas que incluem a escuta ativa, a argumentação respeitosa, a colaboração e a abertura para o diálogo promovem a compreensão e o respeito pelos outros

A escola é responsável por formar seus alunos de forma integral, e a comunicação empática é uma das habilidades mais importantes para as relações sociais. Ela consiste em se colocar no lugar do outro durante as interações verbais e não verbais para transmitir mensagens mais significativas e sensíveis. No ambiente escolar, essa prática é essencial para criar uma atmosfera de acolhimento e cooperação.

Neste post, vamos abordar o que é comunicação empática, sua importância e características, como ela pode ser incentivada e aplicada na escola e como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trata do tema. Confira!

O que é comunicação empática e qual a sua importância

A comunicação empática é uma forma de interação que prioriza a compreensão e o respeito pelos sentimentos e pensamentos das outras pessoas. Ela envolve praticar a escuta ativa sem julgamentos e dialogar de maneira que demonstre compreensão e consideração pelas emoções e opiniões dos outros.

Quando as pessoas adotam essa abordagem, os conflitos são reduzidos e os relacionamentos se tornam mais saudáveis e construtivos. Incentivar a comunicação empática nas escolas promove não só um ambiente mais harmonioso, mas também prepara os alunos para serem cidadãos mais conscientes e responsáveis.

Como podemos nos comunicar com mais empatia?

Na comunicação empática, o compartilhamento de pensamentos e a transmissão de mensagens são feitos de maneira respeitosa e adequada ao interlocutor, por meio do diálogo. 

Veja, a seguir, alguns dos princípios da comunicação empática:

  • Escuta ativa: ouvir as pessoas sem interrompê-las, demonstrando atenção, interesse e respeito por suas opiniões e sentimentos;
  • Expressão clara: manifestar ideias e emoções de forma compreensível e verdadeira;
  • Sensibilidade: perceber e compreender as emoções dos outros, mesmo quando não são expressas verbalmente, oferecendo conforto, apoio e solidariedade;
  • Argumentação respeitosa: saber debater de forma proativa e atenciosa, apresentando ideias e contribuindo em discussões coletivas;
  • Colaboração: compartilhar informações e construir conhecimento de forma colaborativa, compreendendo e respeitando os contextos socioculturais em que esses saberes são desenvolvidos;
  • Abertura para o diálogo: considerar e acolher diferentes pontos de vista, reconhecendo a validade das experiências e opiniões dos outros.

Comunicação empática e comunicação não-violenta

A comunicação empática e a comunicação não violenta (CNV) são abordagens complementares e podem ser usadas juntas para melhorar a qualidade das interações humanas e promover relacionamentos mais saudáveis. Os fundamentos da CNV, desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg, podem também ser usados para compreendermos melhor a comunicação empática.

Os pilares da comunicação não violenta são:

  1. Observação: descrever objetivamente o que está acontecendo, sem fazer julgamentos ou avaliações. Por exemplo, em vez de o professor dizer que um aluno “não presta atenção na aula”, ele pode falar: “notei que você falou enquanto eu estava explicando o conteúdo hoje e na aula passada”.
  2. Sentimento: expressar claramente o sentimento em relação ao que foi observado. Por exemplo: “Quando você fala enquanto eu estou explicando, eu me sinto frustrado e preocupado.”
  3. Necessidade: comunicar as necessidades que estão relacionadas com os sentimentos expressos. Por exemplo: “Eu preciso garantir que todos os alunos entendam o conteúdo e tenham um ambiente de aprendizado tranquilo.”
  4. Pedido: fazer um pedido claro e específico para atender as necessidades, sem exigir ou forçar uma resposta. Por exemplo: “Você poderia, por favor, esperar até o final da explicação para fazer suas perguntas ou comentários?”
professora ajudando aluna em sala de aula

Comunicação empática e BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece as aprendizagens essenciais que todos os estudantes precisam desenvolver durante a educação básica, aborda as habilidades relacionadas à comunicação e à empatia em suas competências gerais. A competência 4, mais especificamente ligada à comunicação, indica utilizar diferentes linguagens, como verbal, corporal, visual, sonora e digital, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Já a competência 9 trata de empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação, “fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.”

O documento enfatiza a importância da empatia, visando promover a capacidade dos alunos de se colocarem no lugar do outro, compreenderem e respeitarem diferentes perspectivas e sentimentos.

No que diz respeito à diversidade, a BNCC destaca a necessidade de reconhecer e valorizar as diferenças culturais, sociais, étnico-raciais, de gênero, religiosas e outras. Ela incentiva a construção de uma cultura escolar inclusiva e plural, onde a diversidade é vista como uma riqueza que deve ser respeitada e celebrada.

Esses temas são abordados transversalmente em todas as áreas do conhecimento, estimulado práticas pedagógicas que promovam a inclusão, o respeito mútuo e a convivência harmoniosa.

Como aplicar a comunicação empática na escola

A comunicação empática é importante tanto para a vida pessoal e acadêmicas dos estudantes quanto para as novas relações de trabalho no século XXI. A revista Harvard Business Review lista quatro atitudes para se comunicar com mais empatia em ambientes profissionais: compreensão, reconhecimento, cuidado e atitude. Elas dizem respeito a saber ouvir; reconhecer o desafio ou dificuldade pela qual a pessoa está passando; demonstrar preocupação e cuidado em relação a essa situação; e ajudar na busca de solução.

No caso das escolas, a comunicação empática pode ser desenvolvida junto com outras competências socioemocionais, incluindo discussões e reflexões em sala de aula. Outras atividades práticas podem ser utilizadas, como:

  • propor uma roda de conversa para compartilhamento de histórias pessoais dos alunos;
  • realizar exercícios de perspectiva, que consideram diferentes pontos de vista ao discutir problemas ou situações;
  • ensinar estratégias para resolver conflitos de maneira empática, com a busca de soluções que beneficiem todos os envolvidos;
  • usar histórias, poemas, peças teatrais e outras formas de arte que promovam conexão emocional com personagens e situações diversas;
  • reconhecer e valorizar os esforços dos alunos em demonstrar empatia na comunicação.

Também é importante que os professores tenham consciência de que eles são exemplos de conduta para os alunos. Se os estudantes são escutados ao expressarem suas preocupações e ideias, ou seja, se os educadores conseguem demonstrar empatia em suas interações diárias, os alunos serão estimulados a fazer o mesmo em suas relações pessoais.

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