Conhecer a si, para entender o outro: a importância do desenvolvimento das habilidades e competências socioemocionais na infância

Falar sobre saúde mental ainda é um tabu em muitos lugares, mas não deve ser na escola. O desenvolvimento emocional, antes restrito às famílias, deve ser parte ativa nos currículos educacionais e materiais didáticos.

Isso porque o controle dos sentimentos na infância é a porta de entrada para a formação de cidadãos mais confiantes de si e menos estressados e ansiosos. As instituições de ensino, portanto, têm a missão de criar um espaço propício para essas experiências.

O ensino tradicional, porém, não contempla essa necessidade. É por isso que a SOMOS, nesta campanha de matrícula, frisa a importância de preparar, emocionalmente, as crianças para os desafios do futuro.

Conforme mostra o Continuum, indivíduos eficazes conquistam duas vitórias na vida: uma Vitória Particular, relacionada a aprender autocontrole e autodisciplina, e uma Vitória Pública, quando constroem relacionamentos profundos e duradouros com os outros. Mas, primeiro, o que é, de fato, competência socioemocional?

Podemos dizer que pessoas eficazes conquistam duas vitórias na vida: Vitória Particular, relacionada a aprender autocontrole e autodisciplina, e Vitória Pública, quando constroem relacionamentos profundos e duradouros. Ou seja, o estudante entende as próprias emoções, lidera a si mesmo, para reunir condições de conhecer o próximo, liderar os relacionamentos.

No primeiro percurso, de aprender sobre si, há dois pontos fundamentais: o autoconhecimento e a autorregulação. A criança tem de saber reconhecer sentimentos, identificar fraquezas e gerenciar emoções, pensamentos e comportamentos.

“São competências consideradas essenciais para o sucesso acadêmico, pessoal e social”, afirma Ednalda Farias Umada, Assessora Pedagógica do programa Líder em Mim (LEM).

Por isso, o programa trabalha essas habilidades dentro da própria metodologia, com os sete hábitos das pessoas altamente eficazes. Os três primeiros, em específico, ajudam o aluno no quesito intrapessoal e exercitam as seguintes competências:

Hábito 1 (Seja proativo): responsabilidade, escolha, iniciativa e respeito;

Hábito 2 (Comece com um objetivo em mente): visão, comprometimento e propósito;

Hábito 3 (Faça primeiro o mais importante): disciplina, foco, integridade e priorização;

Na condição interpessoal, a criança aprimora a percepção social (das pessoas e do mundo), aprende a construir relacionamentos saudáveis e a tomar decisões éticas – bem como assumir a responsabilidade por elas.

Essas características estão presentes nos hábitos 4, 5 e 6 do LEM:

Hábito 4 (Pense Ganha-Ganha): abundância, benefício mútuo e justiça;

Hábito 5 (Procure primeiro compreender e depois ser compreendido): respeito, empatia e coragem;

Hábito 6 (Crie sinergia): criatividade, cooperação, diversidade e humildade;

O objetivo é levar o aluno ao sucesso e ao protagonismo, ao mesmo tempo em que ele se sente pertencente ao núcleo social e à vontade nele. Quando esses pilares estão sólidos, ele chega a um novo nível de maturidade: a interdependência.

A criança compreende que uma sociedade mais agradável funciona com interdependência, pois todas as pessoas estão interligadas. Portanto, precisam conviver com respeito e integridade.

É nesse momento que o hábito 7 entra em ação, e reforça princípios de melhoria contínua, equilíbrio e renovação.

“O Hábito 7 tem por conceitos chave o desenvolvimento das quatro dimensões humanas (corpo, mente, coração e alma) e a busca constante pela superação de obstáculos/desafios”, diz Fabiana Pereira de Santana, Assessora Pedagógica do Líder em Mim.

Benefícios sem data limite

Mas não é apenas o hábito 7 que inspira o aluno a continuar. O programa é pautado pela ideia de que toda criança precisa estar em constante mudança, constante crescimento. Um estudante reativo ou agressivo pode aprender a controlar suas emoções, com reavaliação dos estímulos, estratégias de calma para rever as respostas emocionais, cultivando paciência e medidas eficazes. Esse é o caso da ferramente “Pare e pense”.

Outro recurso relevante neste processo é a ferramenta “Círculo de controle”, que consiste em classificar as coisas da vida que estão sob o nosso controle, e as que não estão. Por meio de um desenho ou de uma conversa, o aluno aprende a centralizar energia apenas no que pode ser influenciado e resolvido por ele.

Ednalda lembra que, certa vez, uma aluna de 7 anos estava em uma crise de choro porque a melhor amiga a chamou de boba. Em um diálogo, a professora apenas perguntou: você se acha boba? Ela prontamente disse que não, e a docente concordou.

A professora então reforçou que a colega ainda não tinha essa percepção, porque o pensamento dela não estava sob domínio das duas, mas que ambas iriam trabalhar para ela perceber isso. Depois do conselho, a situação se resolveu.

O episódio ainda mostra a relevância de outro ponto exercitado pelo LEM: todo o corpo discente e docente e a comunidade têm de estar alinhados. Os alunos precisam conviver com adultos maduros e que sejam modelos de vivência dos 7 hábitos, modelo de respeito e resiliência, porque o exemplo é a forma mais efetiva de ensinar.

Os professores, em específico, precisam deixar para trás as posturas controladoras e assumir o papel de ouvinte, mediador e acolhedor. Assim, as crianças aprendem a lidar de maneira mais eficaz com os desafios e a se comunicar melhor.

Para dar suporte nesse processo, o programa conta com materiais didáticos e práticas eficazes, como o próprio “Círculo de Controle”, para um bom desenvolvimento socioemocional.

Outro exemplo é o “Criar sinergia”, que consiste em procurar, sempre, uma terceira alternativa para os desafios – não é do meu jeito ou do seu, é de um jeito melhor. O método evita que a criança seja repreendida e preza pelo diálogo.

De acordo com Ednalda, em um encontro de pais, uma mãe questionou como trabalhar esse pensamento com o filho que chora, esperneia e até bate no outro quando perde um jogo.

O programa desenvolve trabalhos com conceitos como resiliência, benefício mútuo, justiça e valorização do diferente, para haver criatividade e cooperação, por fim, sinergia. “Parece que não, mas a criança é capaz de entender e buscar a melhor solução para o impasse, e passa a considerar os ganhos das outras pessoas além dos seus”, afirma a assessora.

Como inserir a educação socioemocional na escola?

A maneira mais eficaz de trabalhar as competências socioemocionais é ter um programa estruturado e que dá resultados, com embasamento científico – como é o caso do LEM.

As práticas não devem se limitar a uma aula, precisam acontecer o tempo todo e envolver toda a instituição, família e comunidade. O aluno tem contato com diferentes professores ao longo dos anos letivos e não pode perder o senso de identidade.

“Professores empoderados e estimulados a desenvolver suas competências socioemocionais trazem para a escola um ambiente acolhedor, seguro e com integração/sinergia entre todos da equipe”, explica Fabiana.

Por essa razão, pelo fato de as competências socioemocionais estarem integradas às competências gerais da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a educação socioemocional deve ser integrada ao currículo.

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